sábado, 28 de abril de 2018

Cientista aponta mutação de DNA em grupo asiático adaptado à água


Os bajaus pescam seu alimento diretamente do fundo do oceano
Foto: Reprodução/YouTube/BBC One
Já pensou ficar debaixo d’água por mais de 10 minutos, sem aparelhos para auxiliar na respiração, apenas contando com a resistência do seu corpo? Uma pessoa comum, normalmente, aguenta de alguns segundos a poucos minutos submersa. Já um grupo de nômades, conhecido como bajaus, desafia essa média e os limites humanos, e aguenta até 13 minutos mergulhados em profundidades de cerca de 60 metros. A habilidade especial, é claro, chamou atenção dos cientistas, que, após estudá-los, acreditam que seus feitos são possíveis graças a uma mutação no DNA.

CONHECENDO OS BAJAUS

Melissa Ilardo, a autora da pesquisa pelo Centro de Geogenética da Universidade de Copenhague, viajou até o local para estudar melhor o grupo e seu modo de vida. “Eu queria primeiro conhecer a comunidade, e não apenas aparecer com equipamento científico e sair”, afirmou. “Na segunda visita, trouxe uma máquina de ultrassom portátil e kits de coleta de cuspe. Fomos a casas diferentes e fizemos imagens dos baços deles”, acrescentou em entrevista a National Geographic, falando do inicio dos seus três anos de estudo sobre eles.
Marina Illard passou três anos estudando a possível mutação dos bajaus
Foto: Reprodução/Facebook
Chegando lá, observou que os bajaus habitam no sudeste asiático, na região das Filipinas, Malásia e Indonésia, longe do continente. Por conta disso, são chamados de “nômades do mar”. Eles moram em palafitas no meio do oceano e há até alguns que preferem casas “flutuantes”, sem estacas para fixar construção na areia, o que já evidencia a relação próxima que eles têm com a água. A comunidade leva a vida, normalmente, mergulhando no fundo do oceano para pescar usando lanças e sem equipamentos de segurança.

A HIPÓTESE SOBRE UMA MUTAÇÃO DE DNA

A partir da sua pesquisa, publicada no periódico Cell, ela revelou os primeiros indícios de que uma mutação de DNA teria aumentado o baço dos bajaus, dando a eles uma vantagem genética para viver nas profundezas. Neles, o órgão que normalmente ajuda a sustentar o sistema imunológico e a reciclar glóbulos vermelhos, chega a ser, em alguns casos, 50% maior do que o de um saluan, grupo vizinho no sudeste asiático. A característica é semelhante a das focas, mamíferos marinhos que passam muito tempo submersos e têm os baços desproporcionalmente grandes quando comparados com outros mamíferos.
Marina Illard passou três anos estudando os bajaus
Foto: Reprodução/Facebook
A hipótese defendida por Melissa é de que a seleção natural tenha feito com que habitantes bajaus com baços maiores tenham, ao longo de séculos ou milênios, conseguido taxas de sobrevivência maiores que as dos habitantes com baços menores.

Outra descoberta da pesquisadora foi que os bajaus têm uma variação genética no gene PDE10A, encontrado no baço e que os cientistas acreditam ser um dos responsáveis por controlar os níveis de um hormônio da tireoide. De acordo com ela, os bajaus com uma cópia do gene mutante costumam ter baços ainda maiores que os daqueles que possuem a versão ‘comum’ do gene, e aqueles com duas cópias do PDE10A modificado têm o órgão ainda mais avantajados.

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