domingo, 28 de setembro de 2014

“Episódio de Imperatriz é grave”, diz Sarney sobre ação da PF contra Lobão

Hora de paciência e água benta

Da Coluna do Sarney
O fenômeno da urbanização é mundial e desencadeou-se com a civilização industrial. Todos passaram a ter uma vontade: sair do campo e ir para as cidades. Aquela distribuição geográfica que tinha como modelo 10% das gentes nas cidades e 90% na área rural, inverteu-se, e hoje é o contrário, menos de 10% da população vive no campo.
Estive há 30 anos no interior da Paraíba para poder fazer com autenticidade o discurso em homenagem a José Américo de Almeida, a quem iria suceder na Academia. Fui percorrer incógnito o cenário da Bagaceira, seu célebre romance, que marcou a literatura brasileira. Chegando a Brejo de Areia, terra onde ele nasceu, notei que a cidade tinha um aspecto de solidão, um início daquilo que era Comala, a cidade fantasma que Juan Rulfo criou como cenário do seu genial romance Pedro Páramo, tão importante quanto Cem Anos de Solidão de García Márquez e fonte principal do realismo mágico. Sem Rulfo não existiria García Márquez. E ali, em Brejo de Areia, ouvi, num botequim de beira de estrada: “Aqui só se fica até tirar os documentos (18 anos), depois se vai embora para a capital.”
lobaoO interior do Nordeste definha, só ficam os velhos, ao contrário do Maranhão, onde o desenvolvimento caminha para os municípios estes se expandem de uma maneira desordenada, repetindo os problemas que hoje vivem as grandes cidades: falta de infraestrutura, esgoto, água, trânsito caótico, etc. O Brasil precisa – e tenho pregado isso – marchar, o mais urgente possível, para fazer uma reforma tributária que assegure aos municípios arcar com a solução desses problemas que enfrentam sem meios de resolver. O que mais ouço é a queixa de que os prefeitos vão mal, esquecendo-se de que eles não têm recursos, hoje concentrados no Governo Federal, que está, também, destruindo os estados e por consequência a Federação.
Veja-se a onda de intranquilidade que vive São Luís hoje, mergulhada em pânico com os boatos e as hipóteses mais absurdas de motivações, inclusive com a falta de responsabilidade de acusar homens públicos de notório conceito, que, embora possam ser adversários, são, a meu ver, incapazes de cometer atos de vilania do porte de incentivar o pânico e aliciar bandidos.
Claro que não se deve excluir a hipótese de terroristas radicais praticarem e estimularem atos de vandalismo por motivações políticas, como ocorreu e ocorre no Rio e em São Paulo.
Fim de campanha eleitoral é hora de nervosismo. Mas os líderes não podem perder a cabeça e criar um clima de terrorismo, que só favorece o banditismo e a selvageria.
Duas coisas matam o estado de direito e a democracia, e foram os instrumentos dos dois ditadores mais cruéis que teve a humanidade: Hitler e Stalin. Qual eram esses dois instrumentos que utilizaram? A polícia política – a Gestapo e a KGB. Elas criaram o medo e o terrorismo e extinguiram a liberdade. A partir daí, foi possível os campos de extermínio, o Holocausto. Esse episódio de Imperatriz é um exemplo e grave. Começa assim. Se antes de ser governador e ganhar eleições se procede com essa violência e intolerância, calcule o que pode ocorrer depois, se tiver o poder na mão – o que certamente o povo não permite. Sou acusado de mandar no Maranhão durante 50 anos. Mas ninguém me acusa de um ato de violência, de uma perseguição a ninguém. De ter utilizado o poder para ameaçar nem fazer mal a alguém. Eu não só prego a Democracia. Eu sou democrata e dei exemplo aqui, no Brasil, na presidência e em toda minha vida, pregando e assegurando as liberdades públicas. Mantenho a coerência e condeno a violência seja de quem for.

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