sábado, 29 de novembro de 2014

Crônica: Minhas saudades


De saudades não tem idade

Muitas das vezes quando estamos a sós com a mente tranquila, nos vem tantas recordações boas disso ou daquilo. A gente sempre está recordando alguma coisa. As recordações são tantas que as vezes sorrimos, choramos e até chegamos a falar sozinho. Isso é saudade.
A máquina de escrever e os famosos cursos de datilografia fizeram parte da vida de muita gente
Tenho saudade de reunir a turma na casa de um ou outro amigo para fazer pipoca na panela. Segundo Regi Clesia Fernandes, seu pai seu Manoel fazia pipocas na areia quente dentro de uma panela de barro. Por falar em panela de barro, lembro-me das brincadeiras preferidas das meninas que era casinha e comidinha.
Recordo e sinto saudades dos bons tempos em que saber datilografar era fantástico. Lembro-me quando fiz o curso de datilografia na Escola Olavo Bilac do professor Cizinho (in memoriam) como também do curso da Secretaria da Ação Comunitária a época do ex-prefeito Zé Alfredo. Era um tec, tec, tec. No fim da linha, empurrava o braço mecânico para a esquerda para iniciar outra vez a lição inicial do “A, S, D, F, G, H, J, K, L.
Quem não lembra dos tempos em que haviam orelhões apenas na calçada da antiga TELERN? Eram três orelhões vermelhos em que usávamos as fichas pretas e metálicas para ligações locais e para longe, como diziam antes se referindo as ligações de longa distância.
Os famosos bolachões eram motivo de encanto para muitos. Conheci e conheço vários colecionadores de Long Play’s que preservam álbuns completos de Roberto Carlos e dos Beatles. Ouvir estes precursores do CD era algo fantástico. O famoso chiado da agulha, o vinil girando na velha vitrola.
Tenho saudade das travessuras de meninos que roubavam frutas nos quintais alheios. Da goiaba de vez colhida no pé que tinha lá na casa de dona Joana de Cícero Canela na Cohab, Das canas roubadas dos cercados de Camilo e de Garcia ali na Ilha. Das pitombas roubadas do prédio da maçonaria onde é hoje o Supermercado Show de Preço. Dos Juás roubados no Cercado de Chico Cirilo, cuidado por seu Zé Hilário e Família.
Rolos de filme Kodak eram vendidos em três tipos: 16, 24 e 36 poses
Tenho saudades de tirar fotos hoje para receber com 30 dias. Era uma ansiedade tamanha, visto que as fotos podiam queimar. Os filmes da Kodak a venda, eram de 16, 24 e 36 poses. Minha última revelação de filme, custou uma dinheirama order viagra de R$ 17 que dava direito a fazer uma fotografia de brinde no tamanho de 15×21. Bonito era ver retratos de toda a família reunida.
Recordo com saudade dos tempos de adolescente, quando ouvia meus programas radiofônicos. Meus preferidos eram o Forró Gostoso da Rádio Rural, Notas e avisos e Mensagens musicais na voz do locutor seu Mané. E o programa a Hora da Qualhada com o radialista Martins Coelho, lembra? Causa-me nostalgia quando ouço as músicas Dona Tereza, de Azulão e Ave Maria Sertaneja na voz de Luiz Gonzaga, quando toca na rádio Rural.
O programa Cidade Aflita com Edmilson Lucena (in memoriam), hoje no comando de José Antonio pela Rádio Difusora, tem vinhetas inesquecíveis: Uma delas dizia “Cidade Aflita, programa que o povo gosta. A verdade que o povo quer”, “Se for para elogiar, agente elogia, agora se não ta legal, agente senta o pau”. E outro que escutava sempre era o programa João Inácio Junior com seu personagem seu Jereba pela Radio Verdes Mares de Fortaleza.
Tenho saudades das mulheres cheirosas de antigamente, com toda sua elegância. As mulheres cheirosas usavam perfumes tipo Patchouli, Topazio, Charisma, Toque de amor, Perfume de Café, Alfazema, PassPort, Sheirezart e Tabu. Esse último existia em forma de perfume e Talco.
Os Desodorantes usados na minha adolescência era Roll-on: Leite de Colônia, Beto Carreiro, Leite de Rosa, Rexona, Avanço, Contourê, Alma de Flores, Axé e After Sport. Tenho saudade do Neutrox amarelo, dos sabonetes Phebo, Alma de Flores e Senador.
Tenho saudade de quando criança eu e os meninos da minha época alugávamos bicicletas por hora lá em Lourival, de uma hora fazíamos duas ou três horas a mais. Ao chegar para entregar a bicicleta arriávamos na oficina e saiamos correndo. No dia seguinte voltamos todos com a cara mais sínica do mundo. E alugávamos de novo. O que ele queria era dinheiro mesmo.
Tenho a convicção que ter saudade não é querer ter ou viver tudo isso outra vez, mas é uma sensação confortável por ter vivenciado bons momentos que não mais fazem parte do nosso cotidiano seja por esse ou por aquele motivo.
Confesso para você, caro leitor destas singelas crônicas que tenho boa memória para nomes, fisionomias, locais, detalhes mas quando se trata dos números, por exemplo de telefones, sou péssimo. Minha memória não é tão riquíssima como era a dos saudosos Zé Jaime, Zé Barros ou Antonio Silvério. Minha cuca guarda com nitidez as delícias e arquiva os rancores em gaveta trancada que não tem chave.
Sou grato a Deus por permitir e conservar minha memória. Dela extraio um pouco de cada coisa para escrever aqui, coisas da gente desta salinésia. Oh meu Deus, hoje lhe pergunto o porquê de tantas recordações?

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