Uol
O ex-senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) disse nesta
quarta-feira (24) ser contra uma ruptura entre o PMDB e o PT, pregada pelo
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).. Em entrevista ao
UOL, ele disse que apenas algo “muito grave” poderia justificar o fim da aliança
entre os dois partidos. Questionado sobre a queda da popularidade enfrentada
pela presidente Dilma Rousseff (PT), Sarney, que também teve baixos índices de
aprovação em seu governo, respondeu: “ela não me pediu conselhos”.
No último sábado (20), uma pesquisa do instituto DataFolha indicou que
apenas 10% dos entrevistados consideram o governo da presidente Dilma “bom ou
ótimo” e que 65% deles avaliam o governo como “ruim ou péssimo”.
Segundo o Datafolha, Sarney teve de conviver com índices de popularidades
ainda menores que o apresentado por Dilma. Em setembro de 1989, apenas 5% dos
entrevistados pelo Datafolha avaliavam o governo Sarney como “ótimo ou bom”. No
mesmo mês, 68% dos entrevistados consideravam o governo de Sarney como “ruim ou
péssimo”.
O político afirmou que, desde que deixou o Senado, em fevereiro deste ano,
não tem mantido conversas com a presidente Dilma. Questionado sobre quais
conselhos daria à presidente para reverter esse quadro, Sarney citou um
provérbio. “Tenho a lembrança de um ditado do Maranhão, um provérbio que diz:
‘conselho e água benta só se dá a quem pede’. Ela não me pediu conselhos. Não
posso dar”, disse Sarney.
Sarney disse que só encontrou Dilma em cerimônias oficiais ou em eventos
sociais, como o casamento de Marcela Oliveira, filha do líder do PMDB no Senado,
Eunício Oliveira (CE), no último sábado em Brasília.
“Não tenho conversado com ela. Tenho encontrado ela eventualmente, como no
casamento da filha do Eunício. Ela estava lá e eu a cumprimentei, mas não tenho
conversa nenhuma”, disse.
Sobre a crise política entre PT e PMDB, Sarney disse não ver motivos para uma
ruptura entre os dois partidos. “Não posso apoiar ruptura (…) Acho que o PMDB é
importante para a governabilidade do Brasil. Só um fato de extrema gravidade
poderia resultar em uma mudança de posição do PMDB. Algo que acho que não está
ocorrendo e que nem há perspectiva de ocorrer”, afirmou o ex-presidente.
Ao analisar a atual conjuntura política, Sarney disse que não vem acompanhando a atuação do vice-presidente Michel Temer (PMDB) como articulador político da presidente Dilma, mas elogiou o companheiro de partido. “Eu acho que o Michel é um homem muito experiente, muito capaz, e tem desempenhado com muito êxito todas as funções que lhe são dadas”, disse o ex-presidente.
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