sexta-feira, 17 de julho de 2015

O Brasil e as oportunidades perdidas

Abdon Marinho é advogado. 
Não há quem nunca tenha ouvido a expressão: “o Brasil é o país do futuro”.
Lembro de ouvi-la desde a infância, outros a ouviram bem antes de mim. O certo é que o tempo vai passando, o futuro vira presente e o país não realiza o seu destino traçado desde sempre. Não se torna a grande nação prometida. Vamos ficando para trás, servindo de chacota para as demais nações, a sociedade se apequena e vamos nos tornando uma terra de ninguém.
Isso se deve, sobretudo, ao fato da representação política – que deveria reunir estadistas – ter se tornado um ajuntamento vulgar de cafajestes – a maior parte dela –, mais preocupados com seus próprios interesses, com o quanto podem sangrar da nação do que com reais interesses da mesma.
O país possui uma das maiores cargas tributárias do mundo, entretanto, a maioria dos serviços básicos não chegam ao conjunto da população. O dinheiro “se perde” entre o cofre e seu destinatário final. Rouba-se mais no Brasil do que a nossa mente tem capacidade de processar.
Só o último escândalo, o da roubalheira na Petrobras, a parte até aqui identificada –imagina-se que é bem maior – é o mais volumoso escândalo de corrupção do mundo, de todos os tempos.
A roubalheira de tal magnitude vai muito além do alcance puro e simples, ela corrói a confiança de investidores no país. O Brasil se torna, cada vez mais, símbolo da bandalheira internacional, protagonista de programas de humor e de horror.
O mais grave de tudo é vermos “os maiores” da República, sejam da representação política, sejam do empresariado, enredados no escândalo sem pretendentes. Um escândalo que envolve ex-presidentes da República (no plural), senadores, deputados, ministros de tribunais, inclusive de controle.
As denúncias obtidas através de delações premiadas, apontam para os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado da República, para a própria presidente da nação, que teria recebido financiamento eleitoral através de desvios. Levado a cabo uma investigação e punirão não teríamos quem assumisse o poder.
Diante de denúncias tão graves, o presidente do STF acha ser o momento certo para fazer uma reunião sem agenda pública com a presidente Dilma Rousseff fora do país,  em Portugal.
Mas, vamos além,  o Supremo Tribunal Federal determina busca e apreensão nos imóveis de um ex-presidente e senador da República e, além de documentos, os agentes da Polícia Federal, saem de lá pilotando veículos de altíssimo luxo, segundo apurado, fruto de corrupção.
Sobre um outro ex-presidente, a história mais leve, é que o mesmo era uma espécie de gigolô de empreiteiras envolvidas no maior roubo da história da humanidade. Delas recebendo todos os tipos de favores e mimos, jatinhos a hora que queria, apartamentos, sítios e favores diversos (que, com certeza, estamos longe de imaginar).
Como lobos famintos, os agentes políticos brasileiros, deixaram de servir ao Brasil para se servir do Brasil.
E assim, o país foi perdendo as oportunidades de se sobressair no cenário político e econômico mundial. Somos objeto de piada, de escárnio diante das nações do mundo civilizado, se o Obama diz que somos uma potência mundial, tenham certeza: ele está sendo gentil com a destrambelhada visitante ou fazendo graça. Não é outra coisa.
Quando dizemos que os últimos doze anos foram especialmente nefastos para o país, que significaram o símbolo das perdas de oportunidades é porque não precisamos ir muito longe para detectar.
Desde 2003 que os escândalos se avolumam, quando descobriu-se, em 2005 o chamado “mensalão”, pensava-se que era maior escândalo de todos os tempos, agora sabemos, da pior forma possível, que era apenas um aquecimento para o chamado “petrolão” e outros roubos.
Quantos não se desviam das obras de infraestrutura executadas pelo DENIT? Ou dos generosos empréstimos do BNDES? Ou dos fundos de pensão?
Num cenário de incertezas no mundo, o Brasil ia bem, estava com sua economia estabilizada, poderia ter investido em indústrias, infraestrutura primária, em geração de riquezas.
O que fizemos foi o oposto, ao invés de geramos riquezas passamos a gerar consumo, ao invés de fábricas, construímos shopping center. Os dirigentes, ocupados em se locupletar dos bens públicos, não apontaram um caminho para o país.
Outro dia ouvi uma análise sobre isso, que o Brasil e demais países latino-americanos, diferente dos asiáticos, ao invés de investir em geração de riquezas investiram em consumo. Não há como não concordar que esta é uma equação que tem tudo para dar errado.
Até a capital do Maranhão, reflete isso. Quantas fábricas foram abertas na cidade ou no seu entorno? Pouquíssimas. Agora compare com shopping center, quantos foram abertos somente nos últimos doze anos? Numa cidade com pouco mais de um milhão de habitantes, certamente foram abertos mais de cinco, sem contar as galerias e centros comerciais. Se fizermos uma pesquisa sobre os produtos que são vendidos nestes comércios, em todos setores, com exceção do de alimentos, constataremos que a maioria dos produtos vendidos vêm da Ásia, são produtos made in China, made in Coreia, e por aí vai.
A conta é fácil de ser feita.
O Brasil não investiu em geração de riquezas. Nossas fábricas, as que não foram sucateadas não possuem condições de competir com outros mercados. Assim, os produtos, sobretudos, asiáticos, chegam aqui mais em conta que os produzidos aqui. Consumimos estes produtos e nosso dinheiro vai financiar a geração de empregos lá fora. Pior de tudo é que não se vislumbra mudanças para breve. O Brasil continuará exportando minérios “in natura” e comprando produtos industrializados lá fora, como já  fazíamos desde os tempos que Cabral apontou por aqui.
O único setor da economia brasileira que apresenta bons resultados é o agropecuário, assim mesmo, perde quase 30% (trinta por cento) devido à ausência de infraestrutura de transportes, estoques e exportação. Como podemos avançar assim?
O governo e seus aliados, conduzidos mais pelo viés ideológico que com base na realidade, não conseguem enxergar isso.
Ora, como é possível tratar um paciente se os médicos não possuem a capacidade de reconhecer que o mesmo encontra-se enfermo? Não tem como.
O Brasil que já foi o país do futuro, corre o risco de virar um país sem futuro e sem presente.

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