segunda-feira, 7 de março de 2016

‘Cangaceiro da dengue’ mata 5 mil larvas de Aedes por semana na UnB

‘Cangaceiro da dengue’ mata 5 mil larvas de Aedes por semana na UnB

De bicicleta, Marcílio Sales percorre campus procurando focos do mosquito.
Contratado para combater insetos, ele usa infusão com planta do cerrado.

Marcilio Sales, de 43 anos, é conhecido como Cangaceiro da Dengue da UnB (Foto: Jéssica Nascimento/G1)
Marcilio Sales, de 43 anos, é conhecido como ‘cangaceiro da dengue’ da UnB (Foto: Jéssica Nascimento/G1) 
Conhecido como “cangaceiro da dengue” pelos alunos da Universidade de Brasília (UnB), o piauiense Marcílio Sales, de 43 anos, trabalha “caçando” focos do Aedes aegypti pelo campus. Ele diz eliminar 5 mil larvas do mosquito semanalmente utilizando como “armas” uma bicicleta, caule de timbó – cipó encontrado no cerrado – e potes recicláveis pretos.
O prestador de serviço trabalha há 16 anos em uma pequena sala na prefeitura da universidade. Ele foi contratado para combater a proliferação de insetos no campus, como mosquitos e escorpiões. Além de “caçar” o Aedes aegypti, Sales também cria esculturas do inseto, utilizando ferro reciclado. Segundo ele, o objetivo é conscientizar a comunidade por intermédio de palestras em escolas e na própria UnB.
“Faço um trabalho de extermínio. O mosquito é sábio, inteligente. Ele se esconde da população, adora um local escuro. Por isso coloco o pote preto, entende? Dentro dos copinhos, jogo capim com água. O cheiro ruim atrai o Aedes aegypti e ele deposita os ovos nas tiras de madeiras. Depois de sete dias, mato todos e percebo onde está o foco do mosquito. Depois, a equipe de dedetização vem até o local e faz o trabalho”, explica.
O serviço é feito de 8h às 17h. De bicicleta, o “cangaceiro da dengue” percorre todo o campus Darcy Ribeiro, localizado no Plano Piloto. Alguns trabalhos de extermínio também já foram realizados em Ceilândia. A principal “arma” contra o mosquito, segundo Sales, é a planta Serjania lethalis, conhecida popularmente como timbó, que age na água, matando as larvas e evitando que o Aedes se prolifere.
Mesmo sem formação na área de biologia, Sales diz entender “perfeitamente” como e onde o mosquito age. “O falecido professor Elias de Paula da UnB foi quem me deu os caminhos. Descobrimos a ação do timbó juntos. A planta é de graça, encontrada facilmente no cerrado, inclusive no campus. Por que não usá-la? Milhares de pessoas seriam poupadas”, acredita.
Marcílio mostra larvas do mosquito Aedes aegypti com planta timbó (Foto: Jéssica Nascimento/G1)
Marcílio mostra larvas do mosquito Aedes aegypti mergulhadas em solução feita com timbó (Foto: Jéssica Nascimento/G1)
Formigas, aranhas e escorpiões também são capturados por Sales. Cada buraco, fresta de árvore e boca de lobo é avaliado com cuidado pelo “cangaceiro”. “A saúde dos alunos está na minha mão, né? Nunca tive dengue e nem ninguém da minha família. Tomo cuidado mesmo e sou até chato. Olho esgoto, vaso de planta, pratinho de cachorro.”
Apesar do trabalho árduo, Sales acredita que a comunidade deve aprender a ”respeitar” o local onde mora e estuda. Segundo ele, diversos professores e alunos o procuram para denunciar sitações de risco no campus.
“Sozinho não consigo combater tudo. Extermino quase tudo, sabia? Porém, seria ideal que tivessem outros funcionários comigo. Hoje, o meu aliado é o timbó. Em apenas uma hora ele consegue matar larvas e mosquitos. Confio nele, até hoje ele não me deu problema. Ele vem da natureza, não tem como ser ruim.”
Até o dia 26 de fevereiro, de acordo com a Secretaria de Saúde, 4.881 casos suspeitos de dengue foram registrados no Distrito Federal. Em 2015, no mesmo período, foram 3.977 – aumento de 22,11%. As regiões administrativas de Brazlândia, Ceilândia, São Sebastião, Taguatinga, Samambaia e Planaltina são as que apresentam mais casos da doença

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