sexta-feira, 20 de junho de 2025

Abin do governo Lula buscou dados sobre Flávio Dino para embaraçar investigação, diz PF

 

O Globo

Em relatório final da investigação sobre a “Abin paralela”, a Polícia Federal (PF) afirma que a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência, nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tentou criar um fato político para constranger o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo da ação, segundo a PF, seria embaraçar as investigações sobre os crimes cometidos pelos agentes durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Dino foi o responsável, quando ainda era ministro da Justiça de Lula, por determinar a investigação da abertura do inquérito que deu início à investigação sobre o uso indevido do sistema First Mile.

A medida foi tomada em janeiro de 2023, dois dias após a revelação, por meio de reportagens do GLOBO, de que a ferramenta havia sido utilizada sem controle judicial ou institucional no governo Bolsonaro.

No relatório encaminhado ao STF, a PF destaca um diálogo ocorrido em outubro de 2023 entre dois integrantes da cúpula da Abin: Alessandro Moretti, então diretor-adjunto da agência, e Marcelo Furtado, que ocupava o cargo de diretor do Departamento de Operações.

Na conversa, Furtado encaminha dados de um contrato de aquisição de uma ferramenta de inteligência pelo governo do Maranhão em 2017, período em que Dino era governador.

— Opa. Boa tarde. Dr. Achei isso do governo Dino no Maranhão. Queria ver se pode ser o First Mile ou outra ferramenta da mesma empresa — escreve Furtado, ao compartilhar os dados do contrato. Moretti responde: — Vou dar uma olhada. Te aviso.

O acesso à conversa foi possível após a quebra de sigilo de Moretti, autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo a PF, o objetivo do grupo era atrapalhar as investigações.

“O contexto converge com o cenário já delineado, no qual havia um ambiente que permitiu a MARCELO FURTADO MARTINS DE PAULA, investigado nos presentes autos, encaminhar um fato que pudesse ser usado politicamente contra do então Ministro da Justiça, FLÁVIO DINO DE CASTRO E COSTA, para causar embaraço à apuração”, diz trecho do relatório.

Ainda segundo o relatório, a mensagem sobre o suposto contrato “é a prova cabal da tentativa de criar um fato político para embaraçar a apuração”. “A aquiescência de Moretti (“Vou dar uma olhada”) demonstra seu envolvimento direto na manobra”. Os dois servidores foram afastados dos cargos no início do ano passado por decisão de Moraes.

Procurado, Flávio Dino disse, por meio de sua assessoria, que não vai se manifestar. A Abin também não se pronunciou.

Após a publicação da publicação da reportagem, a defesa de Marcelo Furtado mandou uma nota informando que ele é servidor da ABIN desde 2007 e “jamais se envolveu em qualquer episódio que pusesse em xeque sua idoneidade”. Negou, inclusive, que Furtado fosse autor das mensagens atribuídas a ele pela PF.

“A Polícia Federal cometeu um erro grosseiro ao atribuir a Marcelo a autoria das mensagens sobre o Ministro Flávio Dino apenas pelo fato do contato estar salvo no celular de Alessandro Moretti como ‘MF'”, diz a nota, acrescentando: “Na data do suposto envio das mensagens Marcelo Furtado estava sem celular em razão da apreensão de seu aparelho telefônico na semana anterior. Além disso, Marcelo não compunha a cognominada ‘ABIN Paralela’. Pelo contrário, tal como aconteceu com outros servidores, ele foi prejudicado pela gestão nomeada por Bolsonaro em razão de ser identificado como alguém de esquerda”.

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