A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) viverá um momento histórico neste sábado (22), com o lançamento dos nanossatélites Jussara-K e Pion BR2 – Cientistas de Alcântara. O evento faz parte da Operação Spaceward 2025 e marca o primeiro voo comercial de um foguete a partir do território brasileiro, utilizando o veículo sul-coreano HANBIT-Nano, lançado do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
A UFMA acompanhará em tempo real o início da operação e, depois, receberá os dados transmitidos diretamente na sua própria estação terrestr, um marco para a instituição no domínio das etapas de desenvolvimento, operação e monitoramento de satélites.
Jussara-K
Desenvolvido no Laboratório de Eletrônica e Sistemas Embarcados Espaciais (Labesee) da UFMA, o Jussara-K é um CubeSat que reúne várias tecnologias brasileiras.
Entre elas:
• Antenas produzidas em parceria com o Laboratório Integrado de Sistemas Espaciais (Lise), da UFSJ;
• Sistema de energia e painéis solares fabricados na própria UFMA;
• Módulo de inteligência artificial desenvolvido com a startup paulista Epic of Sun.
Sua missão principal será coletar dados ambientais de sensores instalados em lagoas, áreas de cultivo e regiões de floresta. Ele poderá medir temperatura, umidade e presença de monóxido de carbono — informações que auxiliam na detecção de queimadas.
Além da missão educacional, o satélite também será utilizado para testes e validações tecnológicas, incluindo gerenciamento de energia e desempenho dos painéis solares, testes e qualificação do módulo de comunicação e antena, bem como testes e qualificação do computador de voo.
Pion BR2
O segundo satélite, Pion BR2, nasceu do projeto “Cientistas de Alcântara”, iniciativa que aproxima crianças quilombolas da cidade de Alcântara do universo espacial.
O desenvolvimento é fruto de parceria entre:
UFMA (DARTi Lab e BAITES), Agência Espacial Brasileira (AEB), Fundação Sousândrade, PNUD e a startup Pion, especializada em nanossatélites.
O satélite levará ao espaço mensagens de cerca de 300 crianças participantes do projeto, que serão transmitidas e poderão ser captadas por estações ao redor do mundo.
Do ponto de vista tecnológico, o Pion BR2 também realizará testes de:
• gerenciamento de energia;
• desempenho de painéis solares;
• comunicação e antena;
• computador de voo.
A universidade reforçou que a proximidade com o Centro de Lançamento de Alcântara fortalece não apenas a pesquisa, mas também a formação de estudantes em atividades práticas ligadas à indústria espacial.
A Operação Spaceward 2025 consolida o Maranhão como uma das regiões mais promissoras do país em pesquisa aeroespacial e inovação.
Com os lançamentos, o estado e a UFMA entram definitivamente no mapa das instituições que produzem e operam satélites no Brasil.
Lançamento do primeiro foguete comercial
O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão vai lançar neste sábado (22), o primeiro foguete comercial no Brasil. O foguete lançado será o HANBIT-Nano, desenvolvido pela empresa sul-coreana Innospace e projetado para lançamento de pequenos satélites.
A empresa recebeu autorização da Força Aérea Brasileira (FAB), em maio deste ano, para o lançamento do veículo espacial.
A empresa já havia feito no Centro de Lançamento de Alcântara, em março de 2023, o lançamento de voo teste com o foguete sul-coreano HANBIT-TLV. Na época, a operação foi considerada bem-sucedida e o voo durou 4 minutos e 33 segundos.
O foguete HANBIT-Nano é um foguete orbital, de dois estágios, projetado para o lançamento de pequenos satélites. Ele possui 21,9 metros de comprimento, 1,4 metro de diâmetro e pode transportar cargas úteis de até 90 km para órbitas síncronas ao Sol (SSO), podendo chegar a 500 km de altitude.
O HANBIT-Nano possui dois estágios. São eles:
Primeiro estágio: motor híbrido, de 25 toneladas de empuxo, movido a parafina sólida e oxigênio líquido.
Segundo estágio: pode ser equipado com motor híbrido HyPER ou motor líquido LiMER, ambos com empuxo de cerca de três toneladas, que dá flexibilidade nas missões.
O lançamento de foguetes em solo brasileiro, em especial, em Alcântara é possível devido a um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) feito pelo Governo Federal, em 2019.
Após a assinatura do documento, a Agência Espacial Brasileira (AEB) lançou um edital para atrair o interesse de empresas privadas na utilização do Centro de Lançamento de Alcântara. Quatro empresas foram habilitadas, dentre elas, a sul-coreana Innospace.
O acordo contém cláusulas que protegem tanto a tecnologia usada pelos norte-americanos quanto pelos brasileiros. Pelo acordo, os Estados Unidos poderão lançar satélites e foguetes do local, mas o território de Alcântara continuará sendo espaço de jurisdição brasileira.


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