Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) classificaram como “bobagem” a polêmica em torno do ministro Flávio Dino pelo fato de a esposa de um homem apontado como líder de uma facção criminosa ter participado de reuniões no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Segundo um integrante da Corte, Dino já esclareceu que não se encontrou com Luciane Barbosa Farias. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, suspeito de ser um dos principais criminosos do Amazonas.
Esse ministro também não descarta a possibilidade de Dino estar sendo alvo de “fogo amigo”, já que o seu nome é cotado para uma vaga no STF, o que gera disputas internas no governo.
Na Corte, também há a percepção de que essa é uma situação que pode acontecer com qualquer autoridade, especialmente as que têm um perfil mais político, já que é comum que alguém que tenha uma audiência marcada, aproveite o horário para levar outras pessoas junto.
Esse foi o caso de Luciane. Ela se encontrou com o secretário de Assuntos Legislativos da pasta, Elias Vaz, em março. Quem solicitou a reunião, no entanto, foi a ex-deputada estadual do Rio de Janeiro Janira Rocha, atual vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim) do Estado. A dupla também esteve com Rafael Velasco, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
Também ressaltam que, após os encontros serem revelados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Dino agiu rápido e editou uma portaria criando novas regras para a entrada de visitantes ao Palácio da Justiça, sede da pasta.
Outro ponto levantado é que a presença de nomes ligados ao crime organizado em entidades que têm como foco a melhoria do sistema carcerário não é exatamente uma novidade no país, e tampouco pode ser vista como algo ilegítimo.
De maneira geral, a percepção é que o nome de Dino para o STF vem perdendo força nas últimas semanas, independentemente desse episódio. Embora continue no páreo, a avaliação de auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é que há tempos outros candidatos estão à frente da disputa pela vaga no Supremo. Além disso, senadores, que precisam aprovar o indicado por Lula para o Supremo, têm resistências antigas em relação ao atual ministro da Justiça.
Lula, no entanto, fez questão de sair publicamente em defesa de Dino. Pelas redes sociais, disse que o ministro estava sendo “alvo de absurdos ataques artificialmente plantados”. O presidente destacou que a pasta tem atuado fortemente em várias frentes, e isso gera reações.
“Essas ações despertam muitos adversários, que não se conformam com a perda de dinheiro e dos espaços para suas atuações criminosas. Daí nascem as ‘fake news’ difundidas numa clara ação coordenada.” (Valor Econômico)
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