DILMA NUM PARTIDO NOVO
Dilma Rousseff |
Teve
um dedo da Presidente Dilma Rousseff na pesada condenação a José Dirceu
e José Genoíno por corrupção ativa. A suspeita, aparentemente
contraditória, já virou tese na cabeça de alguns membros da Executiva
Nacional do Partido dos Trabalhadores. Eles já propagam o temor de que
Dilma (originaria do PDT) tenta se fortalecer politicamente para romper
com o partido. Por isso, já tem uma minoria pensando em sair com Dilma
antes que ela “traia” o PT.
A
teoria conspiratória sobre a ação de bastidores de Dilma, enxergada
pelos petistas que não toleram a ex-brizolista na Presidência, seria
justificada com os contundentes votos dados contra o núcleo político do
PT no julgamento da Ação Penal 470 pelos ministros Luiz Fux e Rosa Maria
Weber.
Pelo raciocínio de alguns petistas da cúpula, como os dois magistrados
foram indicados por Dilma para o STF, se poderia atribuir uma
participação oculta da Presidente na destruição dos réus do mensalão,
sobretudo José Dirceu, que nunca topou bem com Dilma.
O temor de uma minoria na Executiva do PT – onde José Dirceu tem grande
influência – é que Dilma consiga se tornar independente do partido, para
descartá-lo no momento em que for conveniente. O medo maior é que
Dilma, com alta popularidade nas pesquisas de opinião, supere o mito (em
decadência) Luiz Inácio Lula da Silva e inviabilize um possível retorno
dele à Presidência, em 2014. Ainda de acordo com a crença conspiratória
dos petistas (que enxergam golpistas e inimigos por todos os lados),
Dilma estaria contando com o desgaste público que o julgamento do
Mensalão vai causar para tirar do governo quem tenha relações fortes com
os réus condenados à execração pelo STF.
Uma certeza dos petistas é concreta. Dilma tem um projeto próprio de
poder e gostaria de consolidá-lo sem depender do PT. Até agora, ela tem
dado manifestações públicas de fidelidade e lealdade a Lula da Silva. No
entanto, já contrariou fortemente o ex-presidente, atropelando o PT
para emplacar sua poderosa amiga Maria das Graças Foster na presidência
da Petrobrás, no lugar de José Sérgio Gabrielli – cuja gestão virou alvo
de críticas da Graça, que fazia parte dela como diretora. Além do caso
Gabrielli, petistas reclamam do corpo mole de Dilma em subir no palanque
paulista de Fernando Haddad (como ela fez muito a contragosto) e no
apoio escancarado ao amigo José Fortunati (PDT) que venceu facilmente a
disputa pela Prefeitura de Porto Alegre.
No entanto, o episódio mais recente de desgaste e confronto de Dilma com
um cardeal da legenda aconteceu na antevéspera da eleição municipal. A
Presidenta mandou que Gilberto Carvalho se retratasse publicamente sobre
o infeliz comentário acerca do julgamento do Mensalão: "Aquela coisa do
outro lado da rua dói muito".
Reservadamente, Dilma comentou que o gesto de Carvalho foi “idiota”.
Dilma ficou contrariada porque seu Secretário-Geral da Presidência da
República jamais poderia ter cometido tamanho ato de agressão e
desrespeito ao Supremo Tribunal Federal - cujo prédio fica em frente ao
Palácio do Planalto, no outro lado da Praça dos Três Poderes.
Outra manifestação lida nas entrelinhas pela cúpula petista contra Dilma
foi a atitude dela em deixar claro que quem fosse condenado no Mensalão
deveria deixar o governo assim que terminasse o julgamento no STF. A
pressão interna feita por ela foi tão violenta – desagradando a
oligarquia partidária – que José Genoíno foi praticamente coagido a
entregar ontem seu cargão de assessor especial do Ministro da Defesa.
→Genoíno foi saído, “PT da vida”, com Dilma.
A personalidade marciana de Dilma, que não tem medo de enfrentamentos
internos e toma decisões enérgicas na velocidade em que Lula nunca
tomou, assusta os membros da executiva nacional do PT.
Lula também não ousa contrariá-la publicamente porque sabe que Dilma não
responderia como uma vaquinha de presépio – o que poderia precipitar um
rompimento prematuro entre a criatura e seu criador. O fato real é que a
brizolista Dilma nunca foi bem digerida pela turma do “Sapo (Boi)
Barbudo” – como o falecido caudilho Leonel de Moura Brizola se referia a
Lula, sempre que ambos divergiam politicamente.
A grande questão, que só o tempo irá resolver, é quando ocorrerá um
confronto final. Qual justiçamento político acontecerá primeiro:
Lula e o PT romperão com Dilma? Ou a Presidenta deixará à deriva o
"Titanic dos Petralhas"? Pelo cenário atual, o PT é um barco com
previsão de afundamento (que pode ser lento ou rápido) após o julgamento
do Mensalão e na hora em que os membros de sua cúpula (Dirceu e
Genoíno) forem obrigados pela Lei a pagar suas penas vendo o sol nascer
quadrado. O caldo deve entornar de vez se novas e inevitáveis
investigações relacionarem diretamente Luiz Inácio Lula da Silva ao
verdadeiro comando do esquema mensaleiro.
O Alerta Total já antecipou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva tem tudo para enfrentar problemas sérios no desdobramento judicial
do Mensalão. Com a condenação de seu ex-chefe da Casa Civil por
corrupção ativa, será impossível sustentar a tese de que José Dirceu
agia sozinho na operação de “compra” de partidos base aliada, sem que
seu superior hierárquico “soubesse de nada”.
Sob a presidência de Joaquim Barbosa no STF, a partir de 18 de novembro,
o mito Lula deverá enfrentar o rigor da Justiça – com o agravante de
que agora não tem mais foro privilegiado para se blindar.
Dilma Rousseff, ao contrário de Lula, é estrela em ascensão. É favorita,
facilmente, à reeleição em 2014. Até agora, não há concorrentes de
peso.
Eduardo Campos (PSB) ou Aécio Neves (PSDB) não são páreo para ela. Se o
PT cometer o haraquiri político de detonar Dilma da legenda - insistindo
no retorno de Lula - a presidenta tem a opção de retornar ao PDT ou ser
adotada por um partido gigante como o PMDB, cujo desejo permanente é
ser governista. Brigar com Dilma é péssimo negócio. Mas como os
Petralhas são autofágicos, têm tudo para cometer mais um erro político
fatal.
Na conjuntura até 2014, só um nome poderia enfrentar Dilma com chances
de vitória - ao menos perante a opinião pública: Joaquim Barbosa. Mas
nada indica que ele tenha pretensões de deixar o STF e ser candidato ao
Palácio do Planalto. (Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net)
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