SÃO LUIS. Após a rebelião no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, que deixou 9 detentos mortos e 20 feridos, na noite desta quarta-feira, atos de vandalismo se espalharam pela capital do Maranhão. Dois ônibus foram incendiados e outros cinco ficaram parcialmente destruídos, segundo a Secretaria de Segurança Pública. O clima de tensão na cidade permanece, com uma onda de boatos sobre arrastões. O secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes, vai conceder entrevista sobre o caso hoje à tarde.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, o motim, que deixou 9 mortos, teria começado quando os presos tentaram barrar a vistoria de agentes penitenciários em um das celas do pavilhão 2 do Centro de Detenção Provisória de Pedrinhas. Nela, os criminosos estariam cavando um túnel, por onde 60 deles pretendiam fugir. Com o início do tumulto, integrantes de facções que disputam o controle do crime organizado no estado acabaram se encontrando, dando início à rebelião. Colchões foram queimados, e o pavilhão 2 ficou completamente destruído.
— Aí começou o tumulto, e a facções adversárias começaram a se enfrentar - afirmou o secretário de segurança pública, Aluísio Mendes.
Dos 20 detentos feridos na rebelião, 13 foram atingidos por tiros e permanecem internados no Socorrão II, unidade de urgência e emergência da capital do Maranhão, segundo funcionários do estabelecimento, ouvidos pelo GLOBO. Eles também informaram que, ontem à noite, após a chegada dos feridos, integrantes de uma facção criminosa teriam tentado invadir a unidade para executar os detentos.
Segundo o Grupo de Escolta de Operações Penintenciárias, os rebelados portavam, pelo menos, seis pistolas calibre 380, mostrando a fragilidade do sistema de segurança da unidade.
Por ordem da governadora Roseana Sarney, o Batalhão de Choque da polícia Militar invadiu o presídio por volta das 20h30, colocando fim a rebelião durante a madrugada. O grupamento, no entanto, permanece nesta quinta-feira no presídio, fazendo a redistribuição dos detentos que estavam no pavilhão 2. Mais cedo, a Secretaria de Segurança Pública informara que seriam 13 o número de vítimas, e depois, 10.
Deputado da CPI do Sistema Carcerário quer intervenção federal
O deputado federal Domingo Dutra (Solidariedade), que foi membro da CPI do Sistema Carcerário (2008-2009), disse que não é de hoje que Pedrinhas é uma verdadeira bomba- relógio, e que o presídio maranhense foi considerado um dos piores do país.
- O Maranhão não tem governo. É necessário que se faça uma denúncia à ONU, pois o número de execuções no Sistema Penitenciário do estado é alarmante - declarou Dutra, que pretende, ainda na sessão de hoje, na Câmara, pedir a intervenção federal no Maranhão.
Até o momento, o governo do estado ainda não se pronunciou sobre o caso.
Por telefone, um dos detentos de Pedrinhas disse ao jornal “O Estado do Maranhão” que as mortes ocorridas na noite de quarta-feira foram uma vingança pelo assassinato de três membros de sua facção no início de outubro. Na ocasião, 1º de outubro, a transferência de membros de um dos grupos rivais para Pedrinhas provocou a primeira disputa entre eles, que terminou com três detentos mortos, um deles decaptado.
— Nós não podíamos deixar batido o que fizeram com nossos irmãos. Precisávamos fazer alguma coisa para vingar a morte dos nossos irmãos — declarou o preso.
Por Globo País
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